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"Escassez de recursos humanos". A radiografia do RADIS à Saúde em Portugal
Mais de metade das primeiras consultas no SNS ultrapassaram, no ano passado, o tempo máximo de resposta, mas o número de utentes sem médico de família decresceu.
Foto: Estela Silva - Lusa
Apenas 49,7 por cento das consultas tiveram lugar, segundo este relatório, dentro do tempo adequado - uma diminuição face a 2023. Entre as causas está a "escassez de recursos humanos" e o "aumento da procura devido ao envelhecimento" da população.
O pior desempenho pertence à região do Tâmega e Sousa. Já a taxa mais elevada de consultas dentro do tempo legal registou-se no Alentejo Litoral.
Na especialidade de Oncologia, a situação revela-se mais preocupante.
No primeiro semestre de 2024, mais de 60 por cento das primeiras consultas ultrapassaram o tempo legal. Nos doentes muito prioritários, a percentagem ascende aos 80 por cento. O RADIS aponta uma "sobrecarga da procura" e "insuficiência de resposta".
Quanto ao domínio dos cuidados continuados, o número de utentes à espera de vaga, que vinha a crescer desde 2021, chegou aos 1.804 em 2023. A primeira inversão desta tendência registou-se no ano passado.É no norte do país que mais se espera por uma vaga.
Entre as metas definidas pelo Governo para os cuidados de saúde primários figura a universalização dos médicos de família. Em 2023, 16,3 por cento dos habitantes não tinham clínico atribuído, percentagem que diminui em 2024. Ainda assim, a concretização da meta está distante: há 1,5 milhões de portugueses sem médico de família.
O relatório reconhece "resiliência" e capacidade de inovação ao Serviço Nacional de Saúde. Todavia, recomenda que se crie pontes entre Saúde, Segurança Social e Educação.
É urgente, segundo o RADIS, um "pacto de regime entre partidos, corporativismos e posições ideológicas".